sábado, 9 de janeiro de 2016

Primeiro TD

Então entramos na pista. Como esperava, o Fiesta estava bem frouxo em rotações baixas e a subida de giro era parecido com carro 1.0. O torque tinha desaparecido com o novo escapamento dimensionado. Mas o ronco do motor era "potentozo"



Esperando para entrar na pista

Nosso objetivo era passear, visto que minha esposa já tinha decretado que eu não ia para a pista sem ela. Para minha surpresa ela nem estava aí para a situação onde os carros estão no limiar da aderência. Pegou o celular e passou a filmar e conversava normalmente. Nem parecia aquela garota que acordou séria e calada, transparecendo preocupação. 

Passamos a andar, mesmo sem muita potência tentado acompanhar os carros mais "normais". O Fiesta estava simplesmente fantástico nas curvas. Alguns carros que tentavam me acompanhar nas curvas, experimentaram algumas balançadas por perda de aderência. Só os "preparados" e os que possuíam controle eletrônico de estabilidade estavam abusando nas curvas. O resto andava pianinho e esperavam as retas para despejar a cavalaria. O meu conjunto estava perfeito. Nem sei dizer se era pela suspensão ou pelos fantásticos Michelin SP3. Mas o resto era só tomar ultrapassagens. Os turbões fazendo a festa nas retas e os marcas&pilotos esbanjando talento em qualquer situação. A pista fechou em determinado momento para a necessidade de retirar carros que tinha rodado e foram passear na grama. O circuito é muito bem projetado e por isso seguro. Mas é travado. Não dá para andar muito rápido. Não usei a quinta marcha nem no final do retão de 1 km. No final da reta, o velocímetro marcava quase 170 km/h, mas pela meu cálculo rotação x relação do câmbio, não devo ter chegado nem a 160 km/h. O freio também fez bonito. Em nenhum momento apresentou fading. Mas perto dos outros carros, até meu freio estava mostrando capacidade superior, muito devido ao binômio suspensãoxpneu.

O objetivo da preparação que estaria por vir ainda não é fazer o carro andar mais que todos, mas deixar o carro com uma tocada de um esportivo, dando potência e dirigibilidade de um carro que transmita ao piloto estar com um puro sangue de pista. Talvez andando junto com carros mais modernos como os Focus 2.0, New Fiesta 1.6, Golf 1.4 TSI, 308 THP e o recém lançado Sandero RS.

Veja o vídeo mostrado de um cockpit do Sandero RS 2.0 andando atrás do meu Fiesta. Apesar da diferença bem grande de potência em favor do Sandero, não foi tão fácil alcançar e ultrapassar o meu carro. Claro que um TD não é competição e tenho que deixar passar os carros mais rápidos, até para preservar a segurança de todos. Assim foi feito e assim tem que ser feito.



Este vídeo eu peguei na internet e editei. Se o autor não quiser que eu poste o vídeo, pode entrar em contato comigo que retirarei do ar.

No retorno para pista depois do segundo fechamento para retirada de algum carro, já estava meio entediado pois meu carro não tinha muita potência e já tínhamos andado bastante. Pensei comigo: vou andar mais um pouco, mas se  a pista fechar de novo, eu vou para casa. Afinal eu tenho três pequenas razões muito especiais me esperando e, praticamente, estávamos o domingo todo envolvidos no autódromo. Saudades das crias.


Acidente


Estava chegando no fim do retão e  tem um Mini preto devagar. Passei ele antes da curva e fiz a série de curvas da chincane que sucede o retão. Depois tem um pequeno trecho em aclive, praticamente em linha reta para um par de curvas longas. Neste ponto vejo pelo retrovisor outro Mini vermelho vindo forte. Os Minis são carros muito rápidos e possuem além de muita potência, toda a parafernália dos carros esportivos modernos como controle de tração, estabilidade, etc e tal. Abri então para o Mini passar, indo para fora do traçado, numa parte não muito usada, portanto suja  e escorregadia. Mas não ia atrapalhar a volta dele. Quando ele passou, voltei para trajetória normal. Eis que me deparo com o outro Mini preto na MINHA TRAJETÓRIA. Fui abrir a curva para mudar o traçado e o outro Mini que tinha me passado estavam logo depois, devagar. Ele tinha simplesmente diminuído a velocidade abruptamente, provavelmente um estava brincando com o outro e esperando para andarem juntinhos. Que romântico. Toquei no freio para diminuir a velocidade e não sair batendo neles. O meu carro atravessou. Consertei para não cruzar a pista pois podia vir outros carros e o lado do passageiro ficou exposto. Rodei 180 graus, esperados. Só que antes de consertar de novo, entrei na grama. Grama molhada não dá para fazer nada. Pelo menos ia deslizar e não capotar. Deslizei de lado uns 150 metros antes de bater no guardrail. O guardrail é feito para absorver as pancadas e não matar o motorista por decapitação, como muita gente pensa. Bati com a parte dianteira direita na altura da roda, o carro resvalou, deu um meio giro e bateu agora com a roda traseira. Antes de bater, quando deslizávamos de lado, minha esposa falou: vamos bater! Eu sabia, mas esperava que a velocidade ainda diminuísse bastante antes de chegar ao guardrail. Mas sabia que ia bater, forte ou fraco, mas ia bater. Bati fraco. Nem deixei o carro apagar. Meti uma primeira para sair dali logo. O carro andou mas percebia-se nitidamente que não estava mais normal. 

Fui devagarzinho para o box, espumando de raiva. Parei embaixo da torre, subi os 3 andares e entrei gritando com o diretor do evento porque não prestaram atenção nos dois minis ultrapassando em curva e fazendo merda na pista. Ele falou meio que sem graça que não era curva. Falei que era trajetória de curva e eles não podiam simplesmente diminuir a velocidade depois de me passar, até porque tinha dado passagem para o primeiro.

Sabia que eu não estava em condição de falar ou conversar racionalmente naquela situação. Conheço bem a mim mesmo e sei que o melhor é contar até 10, 1000, mil, até o cortisol baixar.

Fui ver o estado do meu carro, mas não ia adiantar muito. Estava bastante cego pela raiva. A preocupação agora era me controlar e ir logo para casa. Se esperasse muito ia acabar arrumando confusão e parar na polícia por subversão, crime eleitoral e homofobia. Afinal, crueldade com animal é crime ecológico. O meu lado instintivo dizia para ir atrás dos caras dos Minis, para dialogar pacificamente, pois como intelectual, averso à violência, sigo os mandamentos do guru Mawashi Geri. O que restava do meu lado racional estava concentrado em salvaguardar minha esposa. E eu sabia que o cortisol ia ser metabolizado mesmo, então era só uma questão dar tempo ao tempo.

Desci da torre, fui até o box onde tinha deixado as coisas que tirei do carro como estepe, ferramenta, banco traseiro e o galão de combustível suplementar. Nisso veio um rapaz falar comigo. Era um dos caras que estava no Mini preto, aquele que eu tinha ultrapassado. Ele falou que estava de passageiro e também não tinha entendido porque o Mini vermelho tinha diminuído tanto a velocidade. O Minis S sobra na pista. São carros que tem uma estabilidade fantástica, uma relação peso/potência muito favorável e aceitam bem preparações apimentadas.

Não estava mais com raiva. Digo uma coisa sobre o acidente: faz parte da brincadeira. Não quer se molhar, não saia na chuva.

O Mini vermelho, aquele que dei passagem e "parou" na curva tem uma preparação acima de 300 HP.  O gráfico deste Mini esta na internet na pagina da oficina que preparou ele. Trata-se de uma oficina dedicado a carros importados dos endinheirados de Curitiba.  Lembra-se do que falei em um post lá atrás sobre piloto de Play Station? Esse com certeza tem um PS4.





Fim de festa


Fui para casa devagarinho pois o carro estava bastante alterado. A minha decepção era tamanha que se tivesse um terreno baldio ali, eu deixava o carro e ia a pé para casa. Nem queria avaliar os estragos. 

Depois de "viver" toda a transformação do "Fiesta de desmanche", fazendo o carro do meu jeito e depois, vê-lo torto na sua estreia nas pistas, era uma situação de frustração muito forte. Eu, que nem estava incomodando com a falta de pegada do motor pois já tinha adquirido as peças para deixá-lo mais forte, ia dirigindo devagarinho os 5 km que separam minha casa do autódromo. Foi uma das piores viagens que fiz na minha vida. Esqueci até de tirar os adesivos que cobrem as placas. Sorte minha que o único carro da polícia que cruzei estava indo no lado oposto. 

Cheguei em casa, sai do carro e nem quis olhar para trás. O sentimento naquela hora é de brochamento, tipo tudo perdeu a graça. Quem estava de fora da minha mente, isto é, qualquer um, não podia avaliar o que estava se passando dentro de mim. Um castigo? Não sei dizer até hoje. Talvez tenha até sido. Quem mandou eu ter uma recaída de felicidade? Será que a minha sina é só se fuder na vida enquanto todo mundo tem direito a se divertir?


Detalhe da batida atrás

Volante entortado

Frente danificada
Depois de abaixar a poeira, eu perguntei para a minha mulher se ela não tinha tido medo de andar comigo no autódromo. Ela respondeu sem nenhuma cerimônia: Não! Eu tenho confiança em você!

E eu te amo muito, Zanza!


#Savetheaic no próximo post!

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