sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Procurando um Fiesta

A Compra


Com a troca do Fiesta da minha esposa pelo GM Cobalt em um excelente negócio. Os melhores negócios sempre são feitos quando a gente não tem urgência e não está cego por "desejos". Vendi o Fiesta pelo preço FIPE e ainda peguei um Cobalt com 16K km, praticamente um "zero" por um preço muito baixo o que fez com que ficasse com R$ 12K e a ideia de ter um carro reserva e ainda poder brincar em track day e, melhor ainda, poder mexer nele a vontade sem medo de desvalorizar ou fazer cagada voltou a tona.

Mudança de paradigma


Após desistir de comprar um carro VW AP usadinho, pois não poderia fazer uma preparação boa sem turbinar e como "segundo" carro da família, a questão de espaço no habitáculo é digno de projeto para pigmeu pois tem o mesmo mal da Fiat (exceção dos Unos) onde os carros mais econômicos não levam em consideração os ocupantes do banco de trás, pois era que o orçamento permitia, bateu uma inspiração de voltar a ter um Fiesta. Isto é perfeitamente explicável: já tinha feito uns 15 dias que tinha vendido o Fiesta da esposa e eu já estava sofrendo problemas de "síndrome de abstinência" pela ausência do prateadinho que eu sempre dirigia nas nossas viagens frequentes para Santa Catarina. Carrinho bom e valente. Era afinal um autêntico Flex 1.6 com 105 HP e uma estabilidade excelente, permitindo entrar abusado nas curvas. ajudadas por pneus na medida original  mas trocados por um excelente conjunto BFGoodrich G-Grip (Michelin). 

O freio era com ABS, então já possuía o conjunto do Ecosport com discos de 254mm, bem melhores do que os freios originais dos Fiestas que eu tive e que eram muito ruins. Este era a única reclamação que eu tinha da Ford mas que foram esquecidas com o carro que nós já estávamos usando a mais de 4 anos.

A saudade do Fiesta recentemente trocado, fez eu ter a ideia de, pelo menos, ver os preços praticados pelo mercado para um Fiesta 1.6 usado (diria bem usado). Passei 1 mês verificando as alternativas. Com 12K não dava liga em 1.6. Mas 1.nada estava fora de cogitações pois o propósito era cavalaria e não economia. Aumentei o "budget" assumindo colocar mais R$ 3K do meu bolso, mas os carros que vi por R$ 15K+ até R$ 16K+ estavam bem judiados. Para efeitos de balizamento, a FIPE de um 2005 era R$ 17K+.

Rompi o paradigma e vi que a única alternativa plausível, mesmo assim ilegal seria comprar um 1.nada e um motor Duratec 2.0. Pelo menos as ofertas do 1.0 era infinitamente maiores do que o 1.6 e um Duratec iria me custar uns 4K pelo menos. Só que nessa brincadeira o gasto para adaptação do swamp do propulsor seria bem grande e eu não tinha a mínima ideia do precisaria fazer. Mas não tinha pressa mesmo. Era apenas mais uma alternativa ainda por ser estudada. Tava difícil ter potência sem gastar muito. E ilegal por ilegal, o caracol é bem legal.

Achando o carro


Já meio desmotivado, estava olhando o OLX sem "pedir" 1.6 no título, isto é, olhando os 1.0 que respondiam por aproximadamente 95% das ofertas, deparei com um carro da mesma cor do saudoso Fiestinha prateado sendo vendido no mesmo bairro que resido. Apesar de estar vendo sempre os anúncios, o fato de não ter colocado no título 1.6 fez com que o anúncio se perdesse no montão de ofertas que existiam de Fiesta. Resolvi abrir o anúncio por curiosidade e na descrição estava lá: carro em bom estado, motor 1.6......



Não acreditei. Será verdade? O preço estava remarcado. Era R$ 14K, agora 12,5K. Estava com preço de 1.0 então concluí: não era 1.6 ou estava "destruído" ou com a documentação cheia de caranguejo. Liguei sem muita convicção pois pela data do anúncio achava que o carro já tinha sido vendido. Atendeu uma senhora. Após o inquérito tradicional, pude ver a realidade dos fatos: o carro estava disponível, não tinha colisão mas apenas alguns detalhes (normal em qualquer carro) e tinha que fazer algumas coisas de manutenção pois estava "abandonado" neste último quesito. O carro era de desmanche!

Desmanche de casamento, porra!

Os proprietários eram um ex-casal que tinham rompido já fazia um tempo e a coisa deve ter ficado feia mesmo. O carro era a última pendência da relação rompida e queriam vender rápido para dividir o dinheiro. tanto que a negociação foi feita com as respectivas ex-sogras. Nem cheguei a ver a cara deles. Preço negociado, dois cheques iguais totalizando R$ 12K e por fazer, algumas coisinhas. Eles foram super transparentes no histórico do carro e pelo que pude perceber tinha que fazer a embreagem que já tinha dado o último respiro, rolamentos e amortecedores. Detalhes de lataria mínimos. 


A única coisa ruim: estava impregnado de cheiro de cigarro. Parecia cheiro de motel de quinta categoria. O teto estava marrom. O casal deveria ser duas chaminés ambulantes. O que tinha que fazer de manutenção, eu ia fazer mesmo, independente de estar ruim ou não. Mais o maldito cheiro de cigarro estava lá. Já me custou algumas latas de perfumador automobilístico e de spray de limpar estofamento, apesar de o interior estar impecável, a menos do teto que estava marrom. Gastei uma lata inteira de Tuff Spuff para limpá-lo. Pelo menos o teto voltou a ser original. O cheiro praticamente já sumiu. Ainda tem resquícios, mas ainda não lavei o carpete do chão, apesar de estar aparentemente bem limpo.

Chegando em casa


Carro na mão, documentos encaminhados, primeira viagem dele (1 km que separava minha casa do local onde estava), a embreagem tava mais para rink de patinação no gelo do que qualquer outra coisa. Nem entrei com ele na minha garagem, que é subterrânea, pois havia o risco sério de ter que usar um tirfor ou guincho para arrancá-lo de lá. Cheguei na minha porta e saí do carro para ter meu primeiro "contato íntimo" com o carro. Munido de uma chave de fenda do tamanho de uma britadeira, arranquei as capas de "prástico cromado" que cobriam maçanetas e os espelhos retrovisores. Era a típica "xunagem" de pobre. Pelo amor de Deus, tudo menos isto! Tirei na violência, quebrando a maior parte das capas pois estavam presas por uma fita dupla face forte "prakaraio" e que ficaram presas no plástico original. Ainda nem retirei todas das fitas pois precisa de paciência e do soprador térmico e mais paciência. Talvez eu envelope as maçanetas e retrovisor com vinil imitando fibra de carbono para não ter que pintar. Não tenho aerógrafo e muito menos mãozinha delicada.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O Início de tudo

O Início



A história começou com a venda de um furgão Fiat Fiorino praticamente sem uso que eu comprei como investimento, já que possuía um valor grande de bônus de cartão de crédito para ser utilizado exclusivamente "na compra de carros novos da Fiat". Como temos um pequeno  negócio que montamos no interior de SC para meus cunhados tocarem, um furgão poderia ser útil. Acabou que o furgão ficou parado e eu estava ainda pagando o financiamento, seguro e manutenção e vendo o Furgão subutilizado. Optei por vendê-lo e com o dinheiro, comprar um carro reserva para uso da minha família.

Para minha surpresa, vendi o carro bem e rapidamente. Era um modelo bastante procurado. Então parti para o projeto "segundo" carro. 

Na realidade seria o terceiro pois a minha esposa tinha um Fiesta 2011 1.6 Hatch completo (AB e ABS) que tinha comprado direto na fábrica com um belo desconto na época. Gostava muito deste carro e era o nosso carro de viagem por causa do ABS. Tinha potência, era econômico e a falta de espaço para bagagem era suprida por um bagageiro de teto que eu prendia uma caixa plástica (tipo jet Bag/Thule) que usávamos quando íamos viajar, já que temos 3 filhos pequenos e isto demanda muito espaço. O tamanho do carro para os passageiros é inegavelmente bom e o Fiesta tem praticamente o mesmo espaço interno que o meu outro carro atual, um Honda Fit, que tem espaço para os ocupantes bastante generoso. E olha que tenho 1,93m de altura.

Após uma negociação mal sucedida de um Chevrolet Astra 2010 sedam pois tinha histórico de batida forte. Não que eu fizesse questão de um GM Astra, mas o carro que eu queria era um Ford Focus 2.0 que estava fora da minha realidade financeira.

Mas o Nosso Pai sabe bem o projeto que Ele nos reservou e por isto mesmo fui protegido de uma opção ruim, que me daria bastante frustração no futuro por diversas razões. Como não gosto de carro sedam, a não ser para viajar e o Astra não seria o carro ideal para preparar para pista, apesar da potência dele, desisti da ideia e segui a sugestão da minha esposa: troquei o carro dela por um espaçoso GM Cobalt 2013 poquíssimo rodado e com ABS e AB. Típico carro BBB, quer dizer não tão bonito mas um bom custo x benefício.

Mas bem antes de eu ter pensado em comprar um Astra, estive inclinado a pegar um VW AP Parati ou Gol pela grande disponibilidade de peças para preparação. Claro que neste caso não seria uma preparação "purista", digna de um motor aspirado, em que cada HP é conquistado com muito suor e gastos. Forjaria, meteria uma turbina T3 e fim de papo. Mas para isto precisaria legalizar o que atualmente é impossível. Procurei até os órgãos de SC para ver se tinha possibilidade. A resposta era sempre NÃO PODE. Mesma resposta que estava acostumado a ouvir aqui no Paraná, onde resido atualmente.

Para um segundo carro, a falta de amparo legal, inviabilizou o projeto de ter um VW AP turbinado. Não ia montar um carro para perdê-lo na primeira abordagem policial.

E cá entre nós, um carro naturalmente aspirado andando perto dos turbinados não deixa de ser uma ideia bem interessante. E quem gosta de mecânica automotiva, tirar um mísero HP a mais de um aspirado, por mais difícil que seja, é emocionante. Aspirar um carro não é simplesmente trocar pistões e bielas e meter um kit beepo, é usar todo o conhecimento de centenas de pessoas, compartilhadas em fóruns e outras conversas com pessoas de alto conhecimento e entusiasmo. Uma comunhão de conhecimento e não de mera informações e receitas prontas. Claro que a cavalaria de um turbinado chega a balançar o coração, mas como existe a questão da legalização, que por hora é impeditiva, o aspirado passa a ser uma alternativa muito boa. E tem também a questão do "cronograma de obra" que você pode ir implementando as modificações gradativamente, sem comprometer (muito) o orçamento, continuando com o carro disponível para uso.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Mad Dick's TD Fiesta

Esta é a história do Mad Dick's TD Fiesta, um Fiesta Hatch 1.6 Flex 2005, adquirido para uso e customização do seu proprietário como um hobby. O objetivo final é transformá-lo em um carro digno de participação em Track Day



Fiesta como foi comprado (*)
(*) Foram arrancados na marra, antes de entrar em casa, as capas cromadas das maçanetas e retrovisores. Enfeite cromado ninguém merece!


A Ideia



Chega uma hora em que a juventude se foi e nos vemos numa vida em que todos os nossos esforços foram destinados a outros, ou a atender ao que nos é cobrado em um papel a ser representado numa sociedade, seja família, trabalho ou coisa pior. Mas nem tudo é sofreguidão. Deus não nos dará dinheiro, pode ter certeza disto, mas Ele nos dá coisa muito melhor: uma bênção! Minha maior bênção é a minha família, que me apoia nas minhas ideias mais estapafúrdias que possam aparecer.

Ter um segundo carro para podermos mexermos, isto é se você gosta disto, para uns  é fácil, para outros não e para muitos é uma coisa impossível. Eu demorei para dar a mim este brinquedo, não por falta de condições, mais por falta de tempo e espaço. Nada mudou nisto, apenas achei que era hora de forçar a barra e empreender algo para mim e poder cultivar um novo hobby. Mexer em carros e motores e andar de forma não costumeira sempre estiveram perto de mim. Afinal fui criado no Alto da Boa Vista na época dos pegas. Aprendi a dirigir com 10 anos de idade e aos 21 já colecionava vários PTs em carros e motos. Detalhe: capotei, bati, caí mas nunca quebrei um osso meu ou de outra pessoa. Parei com moto porque já tinha perdido alguns amigos em acidentes e meu temperamento de forma alguma combinava com o uso racional da motocicleta. Não sou um suicida, mas tinha paixão por corridas de carro. Não F1 nem kart. Nunca fui tiete de Senna ou Fittipaldi. Aliás nunca fui idolatrador de nenhuma personalidade. Esse negócio de cultuar imbecis deixo com os norte coreanos. Meu negócio eram as antigas Divisão 1 e 3.


O início do projeto baseado em um Fiesta, teve idas e vindas até convergir para o carro atual. 

Sou fã da mecânica Ford, principalmente os motores de origem europeia pois refletem mais a nossa realidade como os Duratec e Zetec. Cada um no seu respectivo nicho, isto é, o Duratec para 2.0 e o Zetec Rocam para 1.6. São motores simples mas bem elaborados que tem vocação para aspirado forte. Não pretendo estabelecer aqui uma discussão tola a respeito de marcas ou de modelos de propulsores, mas um conjunto com uma relação entre custo e benefício para uso amador é fundamental.

Já tive vários carros e uma boa parte deles foi Ford. O primeiro foi um Del Rey com 5 anos de uso, mas pouco rodado que ficou comigo outros 5 anos. Depois foi um Escort Hobby 1.0 (autolatina), comprado de uma amiga, com 2 anos de uso e que também ficou comigo também por 5 anos. Mais tarde foram 4 Fiestas Hatchs MK6 de 2006 até hoje, sendo que os 3 primeiros comprei "0 KM".

O meu projeto de carro teria que atender aos requisitos de  veículo reserva, para o caso de ter o carro principal indisponível ou mesmo variar um pouco da mesmice de dirigir sempre o mesmo carro. Também ser um carro para poder mexer na sua mecânica ou aparência sem preocupações com desvalorização ou mesmo o risco de estragar um carro novo. Obviamente o objetivo final é desempenho e performance para poder participar em provas de track day de forma prazerosa ao volante de um carro com tocada, sem comprometer o orçamento disponibilizado para este fim.

Eu tenho o conhecimento para dizer que não posso tirar uma potência absurda do Zetec Rocan 1.6L, mas por ser um motor que foi bastante comercializado durante sua vida nos carros Ka, Fiesta, Courrier e Focus, posso afirmar que é um motor bastante maduro e conta com um bom suprimento de peças a disposição. Nunca vou conseguir tirar 200 HP aspirado devido a limitação de cilindrada, mesmo pensando numa preparação hardcore com 4 TBIs, taxa 18:1, comando 320 graus e reza braba, pois mesmo se fosse possível, fugiria ao objetivo de se manter como um carro reserva para uso normal!


Um carrinho bom e barato, gostoso de dirigir com potência suficiente para produzir adrenalina em um circuito travado de autódromo é divertimento certo. Nos Track Days não é para você estar disputando tempo com os turbões e outros carros caros e importados que tem até sistemas de controle automático de estabilidade que fazem os "pilotos" de kart indoor e playstation se sentirem os ases nas curvas mal feitas (e mal educadas). Para estes pilotos eu dou passagem com bastante antecedência para não acabarem fazendo merda em cima de mim. Prefiro brincar sozinho e respeito aqueles em que o carro (e suas preparações) são apenas um hobbies. Pessoas que como eu já abandonaram as pistas ou as corridas perigosas, mas não deixaram de gostar da adrenalina da velocidade. Claro que vai ter sempre aquele que, por ter dinheiro sobrando, vai na loja, compra o melhor carro esportivo recém lançado, manda pro mecânico colocar o que tiver de mais caro para se sentir "poderoso". Mas isso vai ter em qualquer lugar. Ainda bem que tem aquele louco que aparece com um VW Gol ex-Marcas&Pilotos, engaiolado, com aquela cambagem negativa quase pornográfica, mas tem um motor feito com carinho e dedicação (e turbão) para pilotar e se divertir também.